Celulite? Saiba tudo para começar a tratar este mal desde já

22280 0

     A celulite de que tanto se fala, diferentemente da celulite per se (infecção), possui outro nome científico, na verdade. Ela é denominada paniculopatia edemato-fibroesclerótica (PEFE), uma condição clínica multifatorial, resultado da influência genética com fatores externos, tais como:

• lipodistrofias (gordura localizada, sobrepeso e obesidade);
• distúrbios: posturais, circulatórios e hormonais;
• traumatismos (roupas apertadas);
• alimentação irregular (rica em açúcares), sedentarismo, fumo e álcool;
• retenção hídrica (edema ou inchaço) que, progressivamente, prejudicam a perfusão sanguínea. Os vasos que irrigavam a superfície passam a estreitar-se, a ponto de restringir drasticamente a irrigação tecidual regional. As depressões se formam (fibroses) como conseqüência da desvitalização tecidual: onde a oxigenação sanguínea não chega, há formação de trabéculas de fibrose que retesam o tecido, puxando-o para baixo e alterando o relevo na superfície.

     Em todos os casos de ‘celulite’(PEFE), e em especial quando o quadro está avançado, há uma inflamação crônica envolvida. Inclusive, pode haver dor à compressão, e/ou dor nas pernas. Outra característica muito comum é o desconforto emocional. Os pacientes se sentem mal com o problema, que afeta sua autoestima. Acredita-se que 90% das mulheres em todo o mundo tenham tido ou terão celulite em algum momento de suas vidas, tornando o problema pandêmico nesse grupo que, por sua vez, tem suas características sexuais regidas pelo estrogênio. Talvez o déficit de estrogênio seja o maior fator protetor do homem quanto a apresentar o problema.

     Olhando pelo prisma das doenças, vê-se que a celulite não para atrás. Repleta de sinais e sintomas, além de envolver vários tecidos, como a pele, os vasos sanguíneos e linfáticos, a gordura e até o sistema nervoso, ela pode, sim, ser encarada como uma patologia. Até porque é progressiva, estigmatizante e afeta a qualidade de vida dos pacientes. E não queira tardar a trata-la… Pois a celulite sempre avança, e o tratamento acaba ficando mais difícil de atuar em camadas profundas da pele, e caro, por termos que associar mais técnicas.

      Portanto, o tratamento, para que seja realmente eficaz, deve combater todos os fatores causais, iniciando-se por uma reeducação alimentar e estímulo à atividade física. Se necessário, um tratamento específico para obesidade deve ser instituído. Somente o médico responsável irá determinar as possibilidades terapêuticas ideias para cada caso, de acordo com o tipo de acometimento, podendo incluir:

     Tratamento oral e tópico, que é individual e intransferível. Gosto de lançar mão de ativos de ponta e também alguns já clássicos em dermatologia: Citrus aurantium, asiaticosídeo, dimpless, cellulinol, thiomucase, entre outros, sempre em prescrições individualizadas e sob minha supervisão.

      Intradermoterapia: Antigamente chamada de mesoterapia, é uma técnica de aplicação de medicamentos injetáveis ponto-a-ponto na derme (região profunda da pele), selecionados individualmente de acordo com a apresentação clínica do problema. Para tanto, faço um blend de princípios ativos indicados para drenar, reduzir o acúmulo de gordura, melhorar a perfusão tecidual e revitalizar a pele. As sessões se dão num mínimo de 10 para se obter ao menos 70% de resultado.

   Power Shape: Aparelho que combina radiofrequência (RF), LED de alta potência, ultrassom cavitacional com geradores duplos e vácuo (endermologia), capaz de drenar por sucção pneumática vigorosa. O Power Shape tem se demonstrado o aparelho de terapia por luz mais completo para se tratar celulite, flacidez e redefinir o contorno corporal na atualidade. Mesmo pacientes com celulite grau IV podem eliminar o aspecto de casca-de-laranja ao persistirem com o tratamento ou combiná-lo com outros. As sessões devem ser num mínimo de 8 a 10 para este resultado. O ultrassom cavitacional do Power Shape é mais especial que os antigos pois atua exatamente na localização do tecido adiposo, e protege órgãos profundos. Ela age criando bolhas na camada gordurosa, que se rompem, eliminando células gordurosas. Outros aparelhos que combinam técnicas, como o Velashape, também têm demonstrado excelentes resultados.

     Subcision: técnica de cirurgia cosmética simples, que pode ser feita em consultório com anestesia local, e totalmente livre de dor. Não há cortes ou cicatrizes por fora da pele. Perfura-se a área da fibrose (depressão/ casca-de-laranja) com uma agulha especial (Nokor, que possui ponta cortante) ou fio de aço, e, uma vez tendo penetrado a região, descola-se o tecido desvitalizado/ fibrosado repetidas vezes, até soltar por completo o tecido, antes retesado por colunas de fibrose. Assim, restitui-se a circulação local e devolve-se ao tecido o seu relevo original, através de um preenchimento natural, que se dá de dentro para fora, a partir do próprio sangue do paciente, e que irá trazer nutrientes para repopular a região antes não oxigenada.

     Estes métodos têm se consagrado como as melhores opções de tratamento para celulite não apenas no Brasil, mas no mundo. Em minha experiência profissional nos EUA, não havia visto lá nenhum caso de tratamento de celulite (nem mesmo acne) tratada com subcision, mas depois que demonstrei ao meu chefe no Texas, o mesmo também adotou esta prática, com ótimos resultados. O curioso é que uma grande marca de lasers americanos imitou esta técnica e está aportando no Brasil este ano para nos trazer também este aparelho (Cellulaze) como arsenal anti-celulite. O mesmo simula uma subcision, porém, cá com meus botões, ainda prefiro a técnica manual, que nos permite trabalhar cada área fibrótica incessantemente até que todas as traves sejam rompidas, sem migrar para outra região a tratar precocemente, sem terminar a anterior. Já com o laser, não se pode saber se o tratamento está completo para depressões de diferentes tamanhos e profundidades, e me pergunto se novas sessões não seriam necessárias para apagar depressões aqui e ali. Apesar de ser bem mais prático para médicos e pacientes, o laser promete adentrar o nosso mercado com sessões na ordem de R$14.000.00, um tratamento bem salgado para o bolso das brasileiras (fonte: http://istoe.com.br/213720_LASER+PROMETE+ACABAR+COM+CELULITE+EM+UMA+SESSAO/) .

     Complementarmente, métodos auxiliares (realizados por fisioterapeutas, acupunturistas e esteticistas) visam otimizar o tratamento médico programado, como:

  • drenagem linfática: recurso utilizado para reduzir a retenção de líquidos e toxinas. É muito favorável no tratamento da celulite, gordura localizada e distúrbios vasculares como as varizes, por drenar a linfa para os gânglios linfáticos que trabalham em sua eliminação através da urina. Eu particularmente também prefiro a drenagem manual que a por aparelhos. Acho de suma importância que o profissional que realize o procedimento seja treinado para diagnosticar e mapear o déficit de drenagem do próprio paciente, para que o tratamento seja bem objetivo e mostre mais resultados. Em alguns casos, pode ser necessário associar massagem miofascial, para descolar um pouco a membrana de sustentação muscular e ativar a circulação em pontos em que esteja muito sufocada.
  • massagens modeladoras: auxiliares na remoção dos nódulos e na reativação da circulação, que costuma ser deficiente nos locais de celulite. Método que ajuda a definir a silhueta.
  • crio e termoterapia: Através de aparelhos, alia sinergicamente os recursos de calor, que promove aumento da circulação local e das trocas metabólicas (mobilizando gordura ou celulite) e de frio, que gera vasoconstrição, aumento da produção endógena de calor (calafrios) e do tônus muscular. Poucos são os aparelhos que produzem bons resultados na alternância destes.
  • correntes polarizadas: Dispomos de diversos tipos de estimulação elétrica (mioestimulantes) visando a dermotonia (tônus dermomuscular), como as correntes galvânica, farádica, isotônica e a mais notória e eficiente de todas, a corrente russa, que emprega uma média potência. Indicada sobretudo para casos de celulite flácida, toda estimulação elétrica pode influenciar a estrutura da fibra muscular, conforme se varie a freqüência aplicada. Pode-se modular o músculo para enrijecê-lo e tonificá-lo, o que exigirá um aumento da circulação local, atuando favoravelmente no combate à celulite, além de aumentar o metabolismo, o que auxilia na perda de gordura. Na prática, porém, ocorre o que vemos naqueles “cintos que fazem exercícios através de choques”, tão vendidos na TV. Ou seja, no começo percebe-se uma boa ativação muscular, mas com o passar do tempo, percebe-se nada além de um bom tônus, ou seja, não há como produzir definição muscular, tampouco hipertrofia. As fibras musculares são adaptógenas a esse tipo de estimulação de baixa frequência e acabam se tornando tolerantes a ela. São mais indicadas para quem não podem praticar atividade física, e podem ser associadas a plataformas vibratórias para melhor resultado.
  • infravermelho longo: aparelhos, mantas, e até mesmo cremes e bermudas compressivas à base de biocerâmicas que liberam infravermelho longo no tecido melhoram a perfusão tecidual e a drenagem linfática, atuando de forma auxiliar no tratamento da celulite.

     Ouve-se muito o paciente se queixar do preço destes tratamentos, uma vez que raramente precisa-se de apenas poucas sessões. A bem da verdade, tudo que envolve tecnologia e rigor científico acaba sendo mesmo mais caro. Mas é uma segurança que você sente antes, durante e após o tratamento. E também, convenhamos: como podemos tratar de forma rápida e milagrosa uma condição clínica que acomete diversos tecidos, em profundidade, com inflamação e déficit da oxigenação sanguínea, enfim, problemas que se instalaram por anos e anos a fio? É sempre bom lembrar que não existem milagres, e os tratamentos se tornam mais caros e complexos conforme a gravidade e tempo de evolução. E, claro, a manutenção de um estilo de vida saudável, sem excessos, com alimentação saudável e atividade física, eventuais massagens e aparelhos adequados ao seu caso evitam tratamentos mais agressivos. Deixar para tratar mais tarde apenas agrava e aprofunda o problema, tornando o tratamento mais desgastante, doloroso e demorado a produzir resultados.

     Grávidas também nos perguntam bastante sobre o momento certo de se cuidar, já que irão perder sustentação nos tecidos, agravando a celulite e a flacidez. Como tudo em medicina, prevenir é melhor que remediar. Então comece o quanto antes, respeitando os limites do seu corpo e o tratamento que é mais adequado ao seu caso. Depois do parto, você poderá fazer uma combinação mais poderosa de serviços para aplacar o problema, que certamente será menor do que se você não tiver feito nada de preventivo. Depois, é só curtir o resultado num biquíni bem legal!

Related Post